Levantamento aponta: corpos retirados por moradores em operação no RJ podem elevar número oficial de mortos
Em comunidade da zona norte do Rio de Janeiro, moradores denunciam que muitos corpos foram levados antes de contagem oficial, o que põe em xeque o número atualmente divulgado pelo Estado.

A operação policial deflagrada pelo governo do Estado do Rio de Janeiro nos complexos da Penha e do Alemão já entra para a história — mas não só pela ação das forças de segurança; também pelo número de mortos, que varia entre “oficial” e “realizado”.
Dados oficiais divulgados
- O governo estadual inicialmente contabilizou 64 mortos, incluindo quatro agentes de segurança.
- O próprio governador Cláudio Castro chegou a declarar que o número oficial era 58 mortos, sem explicar detalhadamente a variação.
- Em coletiva, o governo afirmou ainda que “o número pode aumentar” porque a perícia não havia se encerrado.
Indícios de escala maior
- A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro afirma que os mortos podem chegar a 132 vítimas.
- Reportagens apontam que moradores levaram à praça pública cerca de 60 corpos retirados da mata no Complexo da Penha durante a madrugada e manhã da quarta.
- Uma cobertura jornalística da Jovem Pan indica que o número pode ultrapassar 128 mortos se incluídos os corpos que não constavam no balanço oficial.
Discrepância que incomoda
Essa diferença entre os 64 (ou 58-64) oficialmente declarados e os 120-130+ indicados por moradores, defensoria e mídia revela um abismo.
- Por que tantos corpos removidos por populares não foram contabilizados imediatamente?
- Qual o critério usado pelo estado para contabilizar apenas após entrada no IML ou perícia?
- Esse vácuo de transparência torna o episódio não apenas uma crise de segurança, mas de direito à vida e estatuto de cidadania.
Conclusão: o saldo numérico e o impacto político
Os números servem dualmente como registro de violência estatal — e como arma política. Se o balanço for, de fato, 132 mortos, estamos diante da operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro.
Isso reforça narrativas de militarização, de “guerra contra favela” e de pouco controle judicial sobre o uso da força. Para nós — que lutamos por justiça social, igualdade e soberania — não é apenas um número: é vidas, é falha estatal, é falha de políticas públicas.
