Em acareação conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes no STF, Mauro Cid reafirma que recebeu dinheiro em sacola de vinho de Walter Braga Netto para financiar o plano golpista "Punhal Verde e Amarelo".

Versão de Cid permanece firme

Na sessão desta terça, o tenente‑coronel Mauro Cid reafirmou sua delação premiada e manteve a acusação de que, em 9 de dezembro de 2022, recebeu de Walter Braga Netto uma quantia em dinheiro vivo dentro de uma caixa (ou sacola) de vinho, no Palácio da Alvorada. Ele lembrou que a embalagem estava lacrada, que não chegou a abrir, e que avaliou o montante a partir do peso do recipiente.

Cid admitiu não ter certeza do local exato onde recebeu a sacola — mencionou três possíveis áreas: garagem privativa, sala de ajudância de ordens ou área próxima à piscina — mas garantiu que foi pela manhã, sem testemunhas além de Braga Netto. Em seguida, ele teria encaminhado o valor ao major Rafael de Oliveira, integrante das forças especiais suspeitas de planejar o assassinato de autoridades, conforme o plano codinomeado Punhal Verde e Amarelo.


Reação de Braga Netto: negou repasse

Durante a acareação, o ex-ministro negou veementemente qualquer entrega de dinheiro a Cid, afirmando que a conversa cessou após a negativa do tesoureiro do PL em fornecer recursos. Ele negou ter dado dinheiro, classificou Cid como mentiroso e afirmou que o assunto foi tratado como encerrado.


Acusações cruzadas e próximos passos

A defesa de Braga Netto enfatizou contradições no depoimento de Cid, questionando a falta de provas materiais e detalhes como o local exato da entrega, e manifestou intenção de anular a delação. Já os advogados de Cid anunciaram pedidos de acesso às imagens das câmeras e aos registros de entrada e saída do Alvorada para validar os relatos.


Impacto no cenário judicial

Essa acareação reforça o clímax do processo sobre a tentativa de golpe de Estado de 2022, demonstrando a escalada das disputas probatórias:

  • Credibilidade do delator: Cid sustenta sua narrativa sob pressão, mesmo sem provas visuais ou testemunhais.
  • Esfera probatória: a obtenção de registros do Alvorada pode confirmar ou fragilizar a acusação.
  • Próximas fases: após as acareações, o STF e a PGR poderão solicitar novas diligências e perícias, seguidas por votos decisivos que definirão o futuro de Braga Netto no caso.

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1 comentário em “Acareação final: Cid confirma ter recebido dinheiro de Braga Netto na trama golpista

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