Redação

A China reagiu com indignação ao anúncio do governo Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, programada para entrar em vigor em 1º de agosto de 2025. Em coletiva no dia 11 de julho, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, classificou a medida como violação das normas internacionais e alerta contra uso de barreiras tarifárias como forma de coerção política. Para Pequim, ações como essa ignoram os princípios da igualdade soberana e não interferência nos assuntos internos.

A crítica chinesa se soma a uma fratura diplomática crescente entre EUA e Brasil. Enquanto Washington busca pressionar Brasil com tarifas, o governo Lula intensifica relações com parceiros estratégicos — especialmente a China, maior comprador de soja e outros produtos brasileiros.

Em maio de 2025, durante visita oficial a Pequim, os presidentes Lula e Xi Jinping reafirmaram compromisso com o livre comércio e o multilateralismo. Na ocasião, assinaram pelo menos 20 acordos de cooperação econômica sobre agronegócio, infraestrutura e tecnologia.

Além disso, analistas apontam que a China vem explorando novas oportunidades de negócios com empresas brasileiras — entre elas a Embraer, que busca fortalecer sua cadeia de suprimentos com fornecedores chineses. Executivos da fabricante afirmam reconhecer o papel da China na consolidação de uma cadeia produtiva mais soberana e menos dependente de Washington.

Para Pequim, a estratégia vai além do comércio: a crise tarifária é vista como chance de aprofundar o alinhamento com o Brasil no campo da inovação tecnológica, cadeias sustentáveis e cadeias de insumos estratégicos. Essa cartada geoeconômica reforça o protagonismo brasileiro no BRICS e desafia a tradicional dependência do eixo dólar–euro.