Brasil aciona a OMC contra tarifas de Trump e reforça aposta no multilateralismo
Diante de sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump, governo Lula abre disputa na OMC para defender exportações e proteger a soberania comercial brasileira.

O governo brasileiro protocolou formalmente uma consulta junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre uma ampla variedade de produtos brasileiros — medida anunciada por Donald Trump sob justificativa política ligada ao julgamento do ex‑presidente Jair Bolsonaro.
Em pronunciamento institucional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu que o país não buscará acordo direto com Trump, mas sim fomentará uma resposta multilateral, por meio do sistema de disputas da OMC. Ele reiterou que o Brasil permanecerá aberto à negociação — porém, com países aliados ao Sul Global, como Índia e China, e não com Washington.
Na reunião do Conselho Geral da OMC, o Brasil recebeu apoio de 41 membros que condenaram a imposição de tarifas como forma de coautoria política externa no caso Bolsonaro. Brasília denunciou que esses tipos de sanções violam princípios básicos da Organização, como o tratamento não discriminatório entre nações.
Fontes do governo informam que a prioridade imediata é oferecer suporte urgente aos setores exportadores afetados, como linhas de crédito especiais, em vez de retaliar diretamente com tarifas recíprocas — considerada última saída caso a disputa na OMC não seja eficaz. Alimentação, aviação e minério, parte significativa do comércio bilateral, estão entre os setores mais impactados.
Para Brasília, o movimento reforça que a defesa da soberania jurídica e comercial não será subordinada a chantagens ou retaliações externas. Mesmo diante do discurso de Trump de punir o Brasil por agir contra extremistas, Lula e sua equipe mantêm que justiça interna é pauta contínua, e que eventuais sanções não mudarão o processo judicial contra Bolsonaro — tampouco intimidarão as instituições brasileiras.