Bolsonaro pode ser preso em quartel por falta de estrutura na PF, diz colunista do Metrópoles
Sem espaço adequado na Polícia Federal, ex-presidente enfrentaria isolamento em unidade militar — cenário reflete tensão institucional crescente

Em meio à escalada judicial e política, o ex-presidente Jair Bolsonaro pode ser detido em uma instalação do Exército, e não em sede da Polícia Federal, caso o ministro Alexandre de Moraes determine a prisão por descumprimento de medidas cautelares. A PF em Brasília sequer dispõe de espaço próprio para abrigá-lo — o que forçaria seu confinamento em quartel militar, onde já foi preso seu ex-assessor, coronel Mauro Cid.
Esse cenário evidencia o peso simbólico e político da crise institucional. Isolar Bolsonaro em unidade militar, mesmo sem grades, reforça caráter seletivo da Justiça e alimenta narrativas conspiratórias da extrema-direita. A falta de infraestrutura da PF deixa claro que o Estado brasileiro não está preparado nem para cumprir suas próprias decisões — isso porque resistiu por muito tempo a enfrentar os tentáculos golpistas que ecoam nas Forças Armadas.
Na visão progressista, o possível confinamento em quartel representa um duplo retrocesso: para Bolsonaro, o discurso de “perseguição política”; para o país, a banalização de medidas cautelares legais e a fragilidade das instituições democráticas. Mostrar o ex-presidente acuado, porém protegido pelo uniforme militar, seria um duro golpe à percepção pública de igualdade perante a lei.
Mesmo sem prisão iminente — especialistas apontam que as declarações no caso concreto têm peso limitado —, o episódio expõe a tensão entre Judiciário, Estado de Direito e militarização do debate institucional. Bolsonaro prefere manter o silêncio tático nas redes sociais, enquanto aliados preparam mobilizações para resistir a qualquer ação que o limite.
A chamada “prisão militar” não será apenas uma medida; será um símbolo. E em tempos em que o Brasil precisa fortalecer sua democracia, condenar abusos, garantir soberania institucional e punir tentativas de ruptura — ver o ex-presidente em uma unidade militar pode significar o quão longe chegamos — e o quão rápido podemos recuar.