Declaração de Thomas Shannon aponta que o ex-presidente brasileiro caiu no passado da diplomacia norte-americana

O ex-embaixador norte-americano Thomas Shannon avaliou que Jair Bolsonaro já não ocupa lugar na agenda estratégica de Donald Trump. Em entrevista concedida à BBC News Brasil, Shannon afirmou que para o presidente dos Estados Unidos, Bolsonaro se tornou “uma página virada”. 

Segundo o diplomata, Trump reconheceu que falhou ao tentar proteger Bolsonaro da prisão e ao garantir sua elegibilidade para disputar novamente — e por isso opta por seguir outro caminho. “Ele sabe quando não pode avançar em uma frente e procura outra”, disse Shannon. 

Shannon aponta que esse reposicionamento se dá num contexto mais amplo de reavaliação da relação bilateral entre Brasil e EUA: o governo brasileiro teria deixado claro que não cederia aos termos desejados por Washington, especialmente após decisões do STF que barraram Bolsonaro na disputa eleitoral. Nesse cenário, a figura do ex-mandatário perde protagonismo. 

Para analistas, a declaração tem implicações práticas: significa que o Brasil, sob o governo Luiz Inácio Lula da Silva, pode negociar com os EUA em novos termos, não mais a partir da tutela ou subordinação mas como parceiro estratégico. O alinhamento não mais passa por Bolsonaro, mas por outras lideranças e interesses comerciais. Ainda assim, o campo vassalocrata da direita enxerga a avaliação como um recuo político que pode reconfigurar alianças de 2026.

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