Bolsonaro Contradiz Filho ao Negar Envolvimento no “Tarifaço” de Trump
Ex-presidente afirma receber pressão global, mas nega ter influenciado tarifação dos EUA

O ex-presidente Jair Bolsonaro negou nesta quinta-feira qualquer participação dele ou de seu filho Eduardo nas negociações que levaram o governo norte-americano a impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Em entrevista, Bolsonaro afirmou categoricamente que não houve lobismo nem coordenação familiar para influenciar a decisão de Donald Trump, que classificou as tarifas como retaliação política.
Essa versão contrasta com nota assinada por Eduardo Bolsonaro em 9 de julho, na qual ele e um aliado relataram ter mantido “diálogo intenso” com autoridades americanas e interpretaram a carta de Trump como um “sucesso” de suas articulações diplomáticas. Na publicação feita nos Estados Unidos, Eduardo destacou que pretendia pressionar por uma anistia ampla para os envolvidos nos atos do 8 de janeiro — estratégia que chamou de “Tarifa‑Moraes”.
Durante a coletiva, Bolsonaro enfatizou que Eduardo age por conta própria no exterior e tem “lutado lá para restabelecer nossa liberdade”, e reforçou que não houve qualquer coordenação com base no governo. Ele afirmou ainda que não condicionou a retirada das tarifas a mudanças legislativas no Brasil, como a aprovação de anistia, e disse querer resolver o impasse diretamente com Trump — embora esteja sem passaporte.
A tensão surge num momento de crise para o bolsonarismo, isolado politicamente após o anúncio das tarifas. A medida provocou reações fortes no Brasil: empresários do agronegócio e da indústria criticaram a intervenção americana, buscando distância da família Bolsonaro. Governadores como Tarcísio de Freitas tentam negociar com o governo dos EUA, enquanto aliados do ex-presidente avaliam que houve uma trama de bastidores que agora é negada oficialmente.
A postura de Jair Bolsonaro reflete uma tentativa de se dissociar da responsabilidade pelo conflito internacional. Mesmo assim, a contradição entre suas declarações e a nota de Eduardo acende questionamentos sobre quem realmente esteve por trás do “tarifaço” e até que ponto a operação foi conduzida pelo clã em conluio com autoridades americanas.