Mensagens interceptadas mostram que o ex-presidente determinou o envio de proxalutamida — fármaco sem aprovação científica — a aliados em meio à crise sanitária

Documentos obtidos pela Polícia Federal expõem uma nova faceta da irresponsabilidade no comando público: o ex-presidente Jair Bolsonaro ordenou ao tenente-coronel Mauro Cid, seu ajudante de ordens, que distribuísse proxalutamida a aliados durante a pandemia da Covid-19 — mesmo sem registro na Anvisa ou em qualquer agência reguladora global.

O extrato das mensagens, divulgado com exclusividade pelo Estadão, mostra que Cid obteve uma carga do medicamento e, diretamente com Bolsonaro, acertou a entrega a pessoas próximas do ex-presidente. A droga, um antiandrogênico produzido na China e ainda em fase de testes, foi defendida pelos bolsonaristas como tratamento para Covid, sem qualquer base científica comprovada.

A Anvisa chegou a autorizar estudos da proxalutamida para a Covid, mas suspendeu sua importação após encontradas irregularidades, como volumes muito superiores aos permitidos nos protocolos clínicos. O Ministério Público Federal abriu investigação e apurou que essa liberação facilitou o desvio de parte da carga. Agora, os diálogos revelam que Bolsonaro foi diretamente envolvido nessa manobra.

Os áudios registrados mostram momentos reveladores:

  • Em 4 de junho de 2021, Cid informa sobre o pastor R. R. Soares internado com Covid e sugere levar o medicamento. Bolsonaro responde apenas: “Aguarde”. Dias depois, Cid afirma: “Missão cumprida!!! Medicamento!!!! Entregue à senhora Maria Luciana, esposa”.
  • Em outra data, Cid pergunta se pode enviar a proxalutamida para “um da minha turma […] que é irmão da esposa do meu irmão”, já entubado. A resposta de Bolsonaro foi: “Mande a Proxalutamida”.

Documentos também mostram pedidos do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello para incluir a droga em lives presidenciais e coordenar protocolos de uso emergencial — tudo sempre sem respaldo científico.

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1 comentário em “Bolsonaro ordenou distribuição de medicamento proibido durante a pandemia, revela PF

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