Mesmo proibido de usar redes sociais, ex‑presidente postou vídeo em perfil associado ao clã Bolsonaro

Jair Bolsonaro desafiou, mais uma vez, os limites da medida cautelar imposta pelo ministro Alexandre de Moraes. Em vídeo divulgado neste fim de semana, o ex-presidente aparece carregando manualmente a bateria da tornozeleira eletrônica — mesmo sendo expressamente proibido de usar redes, ele “apareceu” em nova frente de ataque ao STF.

A gravação foi feita pela suplente da vaga do PL no Rio, conhecida como “Negona do Bolsonaro”, que divulgou o material em perfil associado ao clã. As imagens mostram Bolsonaro sorrindo ao conectar o aparelho a uma tomada e afirmando, com tom zombeteiro, que “a bateria está recarregada” — gesto encarado por interlocutores como sinal de desprezo à Justiça.

O episódio quebrou o silêncio provocado por uma rápida retirada de outro vídeo semana passada, postado por Flávio Bolsonaro e apagado após orientação da defesa. Se naquela ocasião a estratégia parecia um recuo, este vídeo assume o papel de provocação clara, ignorando a advertência judicial de que todo conteúdo do ex-mandatário, mesmo que em redes de terceiros, constitui violação da cautelar.

Fontes próximas ao STF relatam que – diante da reincidência flagrante – Moraes avalia revogar as condições restritivas e decretar prisão preventiva, com base no artigo 312 do Código de Processo Penal. A advertência foi feita anteriormente quando Bolsonaro apareceu em outras gravações: sua defesa recebeu prazo de 24 horas para explicar o descumprimento ou enfrentaria prisão imediata.

Ambos os casos ocorrem no contexto de crescentes protestos bolsonaristas, nos quais o ex-presidente tem operado indiretamente por telefone e redes de terceiros. Esses movimentos ganharam força no domingo, com manifestações em várias capitais contra Alexandre de Moraes e o presidente Lula, que buscaram associar a perseguição à legislação internacional via sanções dos EUA e tarifas protecionistas.

Embora tais vídeos não sejam postagens do ex-presidente em seu nome, a lei não distingue. A medida cautelar do STF, datada de 18 de julho, proíbe a divulgação de discursos, entrevistas ou atividades similares, mesmo se veiculadas por terceiros. O próprio episódio anterior com Flávio deixou claro que não havia brecha legal para uso indireto das redes.

Especialistas jurídicos consultados afirmam que Bolsonaro está repetindo tática de “provoca, testa o limite, cala quando julga conveniente”. Mas agora não há borrão para o Judiciário: o vídeo existe, circulou e mostra intenção. Segundo eles, se mantida a postura de “política com tornozeleira”, o risco de prisão cronologicamente se intensifica com cada nova exibição pública.

Este caso reforça o impeachment quase automático das cautelares: quem as impõe ganha manchete; quem não cumpre, é preso. E se o objetivo político era manter o ex-presidente ativo mesmo com tornozeleira, o custo jurídico é justamente a manutenção da prisão domiciliar ou sua substituição por prisão preventiva, dentro de poucas semanas.

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