Bolsonaro já admite condenação e aposta apenas em reduzir pena no STF
Ex-presidente vê inevitabilidade da derrota no julgamento e defesa tenta barganhar por atenuantes — estratégia é salvar o que restar do capital político da vassalagem.

O clima entre aliados próximos de Jair Bolsonaro é de resignação amarga. Às vésperas do julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre a trama golpista, interlocutores do ex-presidente reconhecem que a condenação é inevitável. O jogo agora, segundo relatos de bastidores, é tentar reduzir a pena por meio de negociações jurídicas e apelos à ala mais conservadora do tribunal.
A estratégia da defesa é clara: admitir derrota no mérito, mas pressionar por abrandamentos em regime e tempo de pena. Apostam, por exemplo, em destacar fragilidades da acusação e na tese de que Bolsonaro não agiu diretamente na execução da tentativa de golpe, mas apenas como figura “inspiradora”.
O movimento expõe a fragilidade política de quem já foi presidente: de líder máximo a réu em busca de favores, Bolsonaro vê ruir a blindagem construída com apoio militar, religioso e midiático. Agora, a narrativa de perseguição se choca com provas robustas de que não só incentivou, mas conspirou com militares e civis contra o Estado democrático de direito.
Nos bastidores, aliados falam em “salvar o capital político mínimo” para manter a família Bolsonaro relevante no jogo eleitoral de 2026. Mas a própria base vassalocrata já sinaliza desgaste: parte aposta em novas lideranças, como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, enquanto os filhos de Bolsonaro se dividem entre ataques mútuos e articulações desesperadas.
O julgamento no STF começa em 2 de setembro e pode selar, de vez, o fim do bolsonarismo como projeto de poder central — transformando o ex-presidente num réu condenado que implora redução de pena, ao invés de ditar rumos da política.