Elogios do presidente americano ao mandatário brasileiro durante a ONU provocam apreensão entre aliados de Bolsonaro em relação ao endurecimento de punições

Declaração amistosa de Donald Trump sobre Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU repercutiu com estranheza entre figuras do bolsonarismo, que temem que tal gesto anuncie uma trégua nas sanções impostas pelos EUA contra autoridades brasileiras.

No discurso, Trump afirmou ter sentido “afinidade recíproca” com Lula e antecipou que pretende dialogar com o presidente brasileiro nos próximos dias. Para a ala bolsonarista, esse aceno público pode representar o início de uma reaproximação entre os dois governos, capaz de alterar o cenário de punições contra nomes ligados ao STF.

Atualmente, há sanções dos EUA impostas contra autoridades como o ministro Alexandre de Moraes e sua companheira, com base na Lei Magnitsky — medida usada para punir corrupção ou violações dos direitos humanos, restringindo acesso financeiro e vistos.

Entre os parlamentares mais reativos está Eduardo Bolsonaro (PL-SP), porta-voz do bolsonarismo nas negociações de sanções, que minimizou o elogio de Trump e afirmou que a postura do republicano segue uma lógica estratégica:

“O que se vê é a marca registrada de Trump: ele entra na mesa quando quer, da forma que quer e na posição que quer.”

Ele também ressaltou que o Brasil não pode ignorar sua dependência econômica em relação aos EUA, dizendo:

“Ao final, Trump ainda disse que sem os EUA o Brasil vai mal. Não há para onde correr: o Brasil precisa dos EUA.”

No Congresso, Hugo Motta (Republicanos-PB) apoiou o tom de diálogo, elogiando o discurso de Lula e defendendo articulações diplomáticas para suspender ou suavizar sanções. Por outro lado, bolsonaristas mais radicais viram o gesto como traição à narrativa de confronto permanente.

Para muitos analistas, o momento pode marcar o início de uma virada diplomática entre Brasil e EUA. Para aliados de Lula, abre-se espaço para recompor cooperação; para bolsonaristas, instala-se incerteza sobre o futuro das medidas punitivas que vinham sendo aplicadas com vigor.

Fonte: Brasil 247 — “Bolsonaristas temem trégua nas sanções após gesto de Trump a Lula”

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