Primeiro turno boliviano encerra 20 anos de domínio do MAS. Centrista Paz e ex-presidente Quiroga disputam a segunda volta em outubro — direita assume com renovação e crise econômica.

O Movimento ao Socialismo (MAS), que governava a Bolívia há mais de duas décadas, foi varrido pelas urnas no primeiro turno das eleições de hoje (17/8). O resultado inesperado coloca o centrista Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão, na liderança, com cerca de 32% dos votos, seguido pelo conservador Jorge “Tuto” Quiroga, que alcançou algo em torno de 27%.

Nenhum candidato chegou aos 50% ou garantindo a diferença mínima de 10 pontos — por isso, o país segue para um segundo turno em 19 de outubro, a primeira disputa nessa etapa desde 1982.

Panorama político e econômico

  • A derrota do MAS reflete a insatisfação popular com a crise econômica: inflação acima de 20%, escassez de combustíveis, dólar em falta e inflação galopante são o pano de fundo dessa virada eleitoral.
  • Muitos votos nulos — cerca de 19–21% — foram influenciados por um apelo de Evo Morales ao boicote, após sua inelegibilidade.
  • A performance sólida de Paz, um outsider moderado com perfil cristão e histórico político, surpreendeu analistas — especialmente após o apoio do ex-adversário Samuel Doria Medina.

Insurgência democrática e possível virada

  • Rodrigo Paz propõe reformar o modelo econômico com capital inclusivo, descentralização e forte discurso anticorrupção. Já Quiroga defende ajustes fiscais drásticos, cortes de gastos públicos e distanciamento das parcerias com regimes aliados do MAS.
  • A reestruturação política balança a tradição boliviana: pela primeira vez hoje, a eleição sinaliza um momento de transição democrática plural, sem respostas ideológicas fáceis e com renovação genuína no espectro político.

Conclusão engajada

A Bolívia abre uma nova página. A derrota histórica do MAS é uma resposta popular ao empobrecimento e à desindustrialização. Paz e Quiroga emergem como símbolos do pós-estatismo: um moderado popular e um conservador técnico estão na trincheira para conduzir uma virada — mas será que a democracia responderá com justiça ou insistirá no retrocesso? Em outubro saberemos.

Compartilhe:

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.