Redação

Mesmo ostentando cidadania legal e documentos válidos, cidadãos americanos de origem latina têm sido vítimas de detenções arbitrárias em operações migratórias promovidas pelo governo Donald Trump. Isso acontece especialmente quando se encontram em estados que colaboram rigidamente com políticas de fiscalização migratória federal.

Segundo análise do New York Times reproduzida pelo Diário do Centro do Mundo, pelo menos 15 pessoas foram presas ou interrogadas desde janeiro de 2025, mesmo após apresentarem provas de que são cidadãos dos EUA. Em muitos casos, os agentes ignoraram os documentos, alegando suspeita baseada em aparência, sotaque ou origem presumida.

Um exemplo emblemático: Kenny Laynez-Ambrosio, nascido na Flórida, foi imobilizado e levado para interrogatório por agentes da Patrulha Rodoviária — mesmo após afirmar repetidamente: “Eu sou daqui!” Outro caso é o de Julio Noriega, de 54 anos, detido em Illinois enquanto buscava emprego e liberado apenas 10 horas depois.

As operações se intensificaram com o aval recente da Suprema Corte dos EUA, que reverteu decisão que proibia abordagens baseadas em aparência ou sotaque. Isso amplia o poder das autoridades migratórias e autoriza intervenções em estados de tradição democrática.

Policiais mascarados já invadiram oficinas mecânicas em Montebello (Califórnia) e algemaram cidadãos latinos que não resistiram ou agrediram os agentes, segundo registros em vídeo. Todos foram impedidos de contactar advogados, e nenhuma acusação formal foi apresentada até o momento.

Grupos de defesa dos direitos civis como a ACLU já acionaram o governo na Justiça, denunciando violações à Quarta Emenda da Constituição dos EUA, que protege contra buscas e detenções arbitrárias.

A escalada dessas operações não afeta apenas imigrantes sem documentação — ela estende o medo e o constrangimento para cidadãos natos, fragiliza o conceito de cidadania plena e coloca sob suspeita o direito à liberdade e dignidade na terra americana para muitos latinos.