Advogados de Bolsonaro investigados pela PF por tentativa de obstrução
Contatados por advogados de Jair Bolsonaro, familiares de Mauro Cid — incluindo sua filha adolescente — afirmam terem sofrido pressão para mudança na defesa do delator; PF avança com depoimentos.
O caso: pressão via família
O tenente-coronel Mauro Cid, delator da trama golpista, relatou à Polícia Federal que advogados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro tentaram contato constante com sua filha menor, esposa e mãe. Os advogados — incluindo Paulo Cunha Bueno, Fábio Wajngarten e Luiz Eduardo Kuntz — teriam tentado influenciar a defesa e obter detalhes da delação premiada, o que configura possível obstrução à Justiça.
Detalhes das abordagens
- A filha, então com 14 anos, recebeu mensagens via WhatsApp e Instagram entre agosto de 2023 e início de 2024.
- O advogado Luiz Eduardo Kuntz teria marcado encontros em eventos, inclusive na Sociedade Hípica Paulista, onde abordou a mãe e sugeriu que a menor “limpasse o celular” para remover rastros.
- Os contatos teriam incentivado a adoção de uma “defesa conjunta”, visando unificar os temas e mitigar a delação.
PF ouve investigados
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou que a PF ouça os três advogados — Wajngarten, Bueno e Kuntz — simultaneamente na superintendência em São Paulo, em um prazo de cinco dias, por suposta obstrução de investigação relacionada à organização criminosa apurada no inquérito da Operação “Contragolpe”.
Reação da defesa
Wajngarten, em nota, criticou a ação como “criminalização da advocacia” e afirmou que o objetivo é questionar a voluntariedade da delação de Cid. Ele aguarda acesso aos autos para se manifestar oficialmente.
Implicações e próximos passos
- Se comprovados, os atos podem configurar obstrução de justiça — previsto na Lei de Organização Criminosa.
- Os depoimentos simultâneos visam evitar construção de versões coordenadas entre os advogados.
- O resultado pode influenciar dificilmente o desfecho da delação e a responsabilização de envolvidos políticos.
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