Advogado de Garnier sugere que Flávio Dino pode ser presidente da República e enfia bajulação institucional até o osso
Durante o julgamento da trama golpista, advogado de Almir Garnier dedica sustentações a exaltar ministros e flerta com vaidade política

No julgamento da trama golpista, em que se discute a tentativa de golpe organizada por Jair Bolsonaro e outros, houve um momento tão surreal que parece ter saído de um teatro de vaidades políticas.
O advogado de Almir Garnier, defensor do ex‑comandante da Marinha, dedicou boa parte de sua sustentação oral para exaltar o STF. Em cerca de 10 minutos iniciais, chamou o tribunal de “templo da democracia” e lançou: faltou pouco para que ali fosse eleito “presidente da República”, referindo‑se ao ministro Flávio Dino como candidato presidencial — ainda que ele esteja no Supremo, no meio do judiciário.
O discurso transbordou de bajulação. Elogiou Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia… como quem entrega troféu antecipado. Um enredo que desvia-se da gravidade do momento: enquanto o país debate se a democracia sobrevive ou morre, o advogado parecia estar em missa de exaltação institucional, e não em defesa de seu cliente.
Esse esforço de cortejo explícito soa como um reflexo da fragilidade da defesa. Se a acusação se sustenta em provas robustas — incluindo planos golpistas, mensagens interceptadas e documentos como a minuta do golpe — a estratégia de bajular o tribunal é uma admissão de impotência.
No meio desse teatro, o STF continua firme. O julgamento ocorre à vista de todos, com gravidade, clareza e o peso da Constituição. Enquanto isso, a bajulação soa como confissão: sem mérito na argumentação, tenta‑se sobreviver pelo brilho do julgamento.