Relatório da PF revela que, atendendo a pedido de Bolsonaro, agentes da Abin monitoraram líderes sindicais da Eletrobras contrários à privatização.

O que revelou o relatório da PF

A Polícia Federal identificou um esquema clandestino dentro da Abin — a chamada “Abin paralela” — que espionou sindicalistas e servidores da Eletrobras contrários à privatização. Entre as vítimas estão diretores da Eletronuclear e de Furnas, como Edvaldo Risso e Pedro Brito, além de servidores ligados à Furnas. Relatórios internos da Abin descreviam esses servidores de forma pejorativa, classificando-os como “mais vermelhos que sangue”.


Pedido direto de Bolsonaro

Segundo o relatório, o ex‑presidente Jair Bolsonaro solicitou diretamente ao então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, que resolvesse “uma questão em Furnas”, referindo‑se à atuação desses servidores considerados opositores. Ramagem é apontado como principal articulador da operação.


Como funcionava a espionagem

Foi usado o software israelense First Mile, capaz de rastrear localização de celulares explorando vulnerabilidades em redes móveis. A PF apurou que quase 1.800 aparelhos foram monitorados entre 2019 e 2021, totalizando mais de 60 mil solicitações. Bolsonaro era o “centro decisório”, definindo alvos para espionagem, segundo o relatório.


Ramagem e outros indiciados

Alexandre Ramagem, que voltou à vida política como deputado federal, é acusado de iniciar e operar a rede paralela. Mais de 30 pessoas — incluindo o atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa — foram indiciadas por crimes como organização criminosa e obstrução.


Repercussão política e defesa

Bolsonaro nega o uso da Abin para espionagem, afirmando que “ninguém reclamou de estar sendo monitorado” e que não dava ordem sobre operações de inteligência. A defesa de Ramagem contesta as acusações, enquanto a PF recomenda uma reforma na agência para trancar essas estruturas paralelas.


Por que isso importa

  • Ameaça na democracia: uso estatal para vigiar opositores diretamente ataca liberdades civis e o equilíbrio institucional.
  • Urgência de reforma na Abin: operações paralelas demonstram falhas estruturais e riscos de uso político indevido da inteligência.
  • Consequências jurídicas: Bolsonaro pode ser formalmente acusado, dependendo da avaliação da Procuradoria Geral da República.

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1 comentário em “Abin paralela: espionagem a sindicalistas que se opuseram à privatização da Eletrobras

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