Criador da Lei Magnitsky, critica uso da norma contra Moraes como “vingança política”
William Browder, mentor global da lei, afirma que ministro do STF não se enquadra nos critérios por violações de direitos humanos.

William Browder, investidor britânico e líder da campanha internacional que resultou na Lei Magnitsky nos EUA, criticou veementemente a aplicação da norma contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. Em suas redes, disse que dedicou anos a promover a lei para punir violadores graves de direitos humanos e cleptocratas, e afirmou que Moraes “não se enquadra em nenhuma dessas categorias”.
Browder condenou a decisão como uma tentativa de usar a lei como instrumento de retaliação política. A sanção imposta pelo Departamento do Tesouro dos EUA inclui congelamento de bens e proibição de realização de negócios com Moraes, acusando-o de envolvimento em uma “campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados”.
Ele criticou ainda a incoerência de aplicar a lei a um magistrado brasileiro atuante legalmente no âmbito nacional, para punir quem investiga tentativas de golpe e combate à desinformação bolsonarista.
Contexto internacional de tensão
A sanção contra Moraes acontece em meio a uma escalada diplomática promovida pelo governo Trump: além das penalidades da Magnitsky, foram impostas tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras, visando retaliar decisões do STF relacionadas ao julgamento de Bolsonaro.
O governo Lula classificou as medidas como interferência grave na independência do Judiciário brasileiro e mobiliza interlocução jurídica para defender a soberania institucional.
Instituições financeiras e bancos brasileiros já avaliam os impactos da decisão, pois mesmo sem ativos diretos nos EUA, Moraes pode sofrer bloqueios em transações com empresas como Visa e Mastercard, além de restrições a uso de bancos que atuam no exterior.