Deputado bolsonarista intensifica ofensiva pública, mas gesto expõe aliança política-criminal

No que pode ser classificado como mais um capítulo da escalada autoritária do bolsonarismo, o deputado Nikolas Ferreira interveio publicamente em defesa do próprio primo, acusado de tráfico de drogas — e reagiu com xingamentos diretos a uma internauta que apontou o óbvio: “O primo traficante do Nikolas não foi executado. Está tendo direito à ampla defesa.”

A declaração ofensiva veio após a internauta questionar nas redes o tratamento desigual entre acusados de facção e políticos aliados ao bolsonarismo — enquanto traficantes são mortos em operações, o primo do deputado aparece protegido pelo escudo parlamentar. Nikolas não apenas rebateu a crítica: partiu para o ataque, chamando a mulher de “piranha” em uma manifestação pública que desnuda a cultura de intimidação difundida por seu grupo político.

O episódio revela muito além de um comportamento inapropriado individual: aponta para a moldura institucional da blindagem política. É o mesmo deputado que defendeu a PEC da Blindagem — instrumento que dificulta investigações e prisões de parlamentares.
Se o Brasil aceitasse que o vocabulário de ódio, a defesa de acusados de crime grave e a ofensa sistemática se tornassem normais na política, teríamos desistido da democracia.

A combinação é letal: o corpo penal favelizado morre em operações, o corpo parlamentar permanece intocado. O meio de comunicação que repercutiu o caso, Revista Fórum, afirma que o deputado repetiu a lógica de que há dois pesos e duas medidas — um para o crime organizado e outro para o bolsonarismo.

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