Cleitinho perde prestígio e Jair Bolsonaro distancia-se após retratação
O senador mineiro Cleitinho Azevedo publicamente se retrata por críticas à família Bolsonaro, expondo fissuras no bloco bolsonarista

O senador mineiro Cleitinho Azevedo protagonizou esta semana uma virada tática que expõe sua perda de capital político no campo da direita: após provocar críticas à família Bolsonaro, ele fez uma retratação pública visível — e sofreu o efeito imediato de se ver isolado da base bolsonarista.
Segundo reportagem do jornal Imagem, Cleitinho se dirigiu ao ex-presidente Jair Bolsonaro para pedir desculpas por declarações consideradas ofensivas. A retratação oficial reflete uma tentativa desesperada de recuperar o prestígio dentro do partido e junto à base bolsonarista — mas o próprio fato da correção pública evidencia o desgaste.
Fontes próximas à liderança do bolsonarismo afirmam que o distanciamento não é apenas tático: “Bolsonaro não quer lhe ver” na fileira, segundo a reportagem. A conjuntura revela que a autonomia que Cleitinho buscava — de se posicionar como voz independente da direita — chocou-se com os muros da disciplina partidária e da fidelidade exigida à figura de Bolsonaro.
Para analistas progressistas, esse episódio confirma o padrão de submissão esperada das alas “aliadas” do bolsonarismo: a crítica interna só é possível até certo ponto. Quando ultrapassa o limite ― especialmente se atingir o grupo Bolsonaro ou sua geopolítica simbólica de “lei e ordem” — o castigo político se materializa. A retratação do senador e a resposta fria da liderança são exemplo claro desse mecanismo.
No Estado de Minas Gerais, Cleitinho já vinha tentando flertar com uma postura mais independente — criticando inclusive outros aliados do ex-presidente. Porém, o alcance eleitoral e simbólico do sobrenome Bolsonaro no universo da direita impôs limites: sem o aval ou pelo menos o não-bloqueio de Bolsonaro, suas ações ficam fragilizadas. O senador agora enfrenta perda de prestígio, redução de apoio e a percepção pública de que foi “colocado no banco de reservas”.
Este episódio tem implicações mais amplas. Ele mostra como o bolsonarismo, embora se diga plural e descentralizado, mantém forte controle sobre narrativas, alianças e margem de manobra. Qualquer “desvio” de lealdade tende a ser interpretado não como pluralismo, mas como ruptura — que precisa ser imediatamente reparada. A retratação pública de Cleitinho não apenas demonstra isso — ela funciona como advertência para outros atores da direita: autonomia menor que o centralismo disciplinado.
Fonte: Jornal Imagem
