O sucesso da morte: chacina eleva popularidade de Castro, diz Datafolha
Pesquisa indica crescimento de aprovação de Cláudio Castro após operação policial letal no RJ

A aprovação do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, atingiu o patamar de 40% entre moradores da capital e região metropolitana — seu maior índice desde 2022 — segundo pesquisa do Datafolha divulgada em 1º de novembro.
A elevação da popularidade coincide com a mega-operação policial denominada Operação Contenção, que deixou 121 mortos, a mais letal na história do estado.
Dos entrevistados, 37% consideraram o desempenho do governo na segurança pública como “ótimo ou bom”; 34% o classificaram como “ruim ou péssimo”. Outros 23% disseram que o avaliam como regular.
A aprovação varia bastante conforme a região e perfil dos eleitores: enquanto na capital a aprovação é de 30%, na região metropolitana atinge 51%. Entre homens, a taxa subiu para 49%; entre mulheres, está em 32%. Entre eleitores do Jair Bolsonaro a aprovação chega a 67%, já entre quem votou em Luiz Inácio Lula da Silva ela cai para 17%.
Além disso, 57% dos entrevistados concordaram com a afirmação de que a operação foi um “sucesso”. Já 50% acreditam que a maioria dos mortos eram criminosos, e 31% afirmam que todos eram. Esses números contrastam com dados do Ministério Público do Rio de Janeiro, que indicaram que nenhum dos mortos foi denunciado no processo que originou a operação.
Foi registrado, também, quase consenso em outro ponto: 88% dos cariocas defendem que todos os policiais deveriam usar câmeras corporais nas ações.
A leitura política desse cenário é clara: o governador Cláudio Castro — associado ao partido Partido Liberal (PL) e alinhado ao bolsonarismo — tenta converter a política de confrontação violenta em capital eleitoral, enquanto amplia laços com governadores de direita, como Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Romeu Zema.
Diante desses dados, o debate nacional sobre segurança pública — que envolve estados, União e facções criminosas — volta a ganhar centralidade para as eleições de 2026. A repercussão da operação no Rio de Janeiro evidencia que mortes em operações policiais estão sendo instrumentalizadas como estratégia política, mais do que apenas ação estratégica de segurança, segundo análises de entidades especializadas.
