Sem anistia à vista, bolsonaristas exploram chacina no Rio para recuperar fôlego
Em meio ao fracasso da pauta da anistia, filhos de Jair Bolsonaro voltam-se para a megaoperação no Rio e tentam ressuscitar o discurso da “segurança” rumo a 2026

Com a pauta da anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro praticamente enterrada no Congresso, integrantes do campo bolsonarista redirecionaram seu foco para a recente megaoperação policial realizada no estado do Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão.
Desde o dia 28 de outubro, os filhos de Bolsonaro — em especial Flávio Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Carlos Bolsonaro — intensificaram publicações digitais associando o episódio à “incapacidade” do governo Luiz Inácio Lula da Silva em frear o avanço das facções criminosas. Flávio Bolsonaro, senador e presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado, protagonizou cerca de 50 postagens em quatro dias exaltando a “política de segurança” do governador Cláudio Castro (PL-RJ) — e, por extensão, a do próprio pai.
Eduardo e Carlos aderiram à ofensiva, compartilhando vídeos críticos ao governo federal e vigorosas mensagens de “lei e ordem”. A mudança de tática surge num momento crítico para o bolsonarismo: a proposta de anistia, que prometia um respiro político, está “sem anistia à vista”.
Sob a nova estratégia, o massacre assume papel de palco político: transformar tragédia em trampolim, com dois objetivos claros — atacar o governo Lula e marcar território como força de direita “duro” para 2026. Como avalia o Planalto, a operação que deixou “mais de 120 mortos” está sendo usada como “trunfo político”.
Mas a jogada carrega riscos: a normalização da letalidade policial, a instrumentalização da dor de comunidades pobres e a exacerbação do discurso de guerra urbana aumentam o foco de organismos de direitos humanos e da sociedade civil, que denunciam a escalada da violência como falha de Estado — e não solução.
Como o DCM já observou, o segmento bolsonarista busca capitalizar o horror: “a tragédia vira narrativa de eleição”.
A pauta de segurança segue central no tabuleiro político nacional. Mas a questão que emerge, e que os bolsonaristas tentam mascarar com estrelismo midiático, é outra: qual será o preço da política feita com mortes? Qual será o custo humano que se disfarça de vitória eleitoral?
Fonte: Diário do Centro do Mundo
