Toffoli autoriza PF a investigar Moro por suspeita de extorsão quando era juiz
Supremo permite acesso a acervo da 13ª Vara de Curitiba após denúncia de gravações clandestinas e pressão sobre delator

O ministro Dias Toffoli, do STF, autorizou a Polícia Federal a realizar diligências na 13ª Vara Federal de Curitiba — antiga jurisdição de Sérgio Moro — no âmbito de investigação que apura denúncias feitas pelo ex-deputado Tony Garcia. Segundo as acusações, Moro teria exigido gravações ilegais, exigido colaboração sob coação e conduzido “investigações clandestinas” durante a fase em que atuava como juiz.
A decisão, assinada em 6 de outubro, ordena que a PF examine “in loco” processos, documentos, mídias e objetos relacionados às apurações. Toffoli manteve o inquérito sob sua jurisdição, rejeitando pedido da defesa para remetê-lo à primeira instância.
Garcia afirma que foi forçado a gravar conversas com autoridades — inclusive de foro privilegiado — conforme acordo de delação, e que essas práticas teriam sido exigidas por Moro para garantir benefícios ou pressionar decisões. O senador nega todas as acusações.
A defesa de Moro manifestou estranhamento sobre o caráter sigiloso do inquérito e classificou as acusações como “fantasiosas”. Afirma ainda que Moro não teme os atos ordenados pelo STF, pois confia que as investigações reforçarão sua inocência.
Com essa autorização, o STF dá seguimento a uma fase sensível de reabertura de debates sobre abusos atribuídos à Lava Jato e práticas judiciais de antigas operações — numa guinada institucional que revisita decisões que moldaram o sistema penal brasileiro.