Novo procurador se posiciona contra arquivamento e exige apuração ampla de uso de estruturas estatais para controle político.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou nesta quarta-feira (15) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a reabertura do inquérito que apura a suposta interferência política de Jair Bolsonaro na Polícia Federal durante seu governo. O pedido representa um contraponto direto ao arquivamento promovido pela gestão anterior da PGR, sob Augusto Aras, que sustentou não haver indícios suficientes de crime.

O novo procurador-geral, Paulo Gonet, entende ser essencial “verificar com maior amplitude” eventuais abusos — inclusive por meio da utilização de aparelhos de Estado como a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), bem como a possível manipulação de dados sigilosos e disseminação de informações falsas.

A origem da investigação remonta às denúncias feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro, em 2020. Na ocasião, Moro acusou Bolsonaro de pressionar pela troca do então diretor da PF, Maurício Valeixo, para interferir em investigações que envolviam familiares do presidente. Bolsonaro sempre negou as acusações.

O relator do caso no STF, ministro Alexandre de Moraes, já havia questionado no ano passado se a nova administração da PGR manteria o arquivamento do caso. Agora, com Gonet atuando para reativar o inquérito, cabe ao STF decidir se o processo será formalmente reaberto e quais diligências serão autorizadas.

Se confirmado, o desarquivamento pode reacender uma das maiores crises políticas da era Bolsonaro — com implicações profundas para compreender os limites do arbítrio institucional e as fronteiras entre Estado e poder pessoal.

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