Processo que pode cassar Eduardo Bolsonaro está nas mãos do Centrão
Relator propõe arquivamento, mas partidos do bloco terão decisivo voto em caso que ameaça mandato do clã

O futuro político de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pode ser selado em poucos dias — e está nas mãos do Centrão. O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados marcará votação para dia 21 sobre o parecer do relator Marcelo Freitas (União Brasil-MG), que recomendou arquivar a representação contra ele.
O Conselho é formado por 21 deputados — 20 votam, já que o presidente do colegiado, Fábio Schiochet (União Brasil-SC), não participa da deliberação. Desses, 5 são de PT, PDT e PSOL (favoráveis ao prosseguimento), 4 são do PL (defensores do arquivamento) e os 10 restantes pertencem a partidos do Centrão — PP, PSD, Republicanos e MDB — e tendem a definir o resultado.
A representação contra Eduardo foi protocolada por deputados do PT. Ela acusa o parlamentar de promover ataques reiterados ao STF e incitação ao golpe, citando declarações como “sem anistia para Jair Bolsonaro não haverá eleição em 2026”. O relator Freitas alegou que tais manifestações entrariam no âmbito da liberdade de expressão política, e por isso recomendou o arquivamento.
Líderes do PT reagiram: Lindbergh Farias (RJ) solicitou que Freitas fosse substituído por suposta proximidade com Eduardo, mas o pedido foi negado. Também há movimentos no Congresso para unificar três representações semelhantes contra Eduardo, em uma estratégia de irrotulá-lo politicamente.
Eduardo está desde março nos Estados Unidos, onde atua em articulações políticas — o que intensifica as críticas feitas por aliados e adversários. Deputados do Centrão afirmam que não receberam orientações partidárias e que votarão com base no mérito do caso, mas também expressam desconforto com o afastamento prolongado dele.
Além disso, Eduardo enfrenta outro processo: a Mesa Diretora da Câmara pode analisar a perda de mandato por excesso de faltas, já que, desde que sua licença terminou em julho, ele não apareceu em sessões plenárias. Esse processo, porém, só poderá tramitar em 2026 no que se refere à prestação de contas de 2025.