Putin elogia iniciativas de Trump para a paz e dispara críticas à eleição do Prêmio Nobel
Em discurso em Dushanbe, o líder russo afirmou que Trump “tem feito muito” em tratados internacionais e que o Nobel nem sempre reflete ações concretas de paz.

Em discurso em Dushanbe, capital do Tajiquistão, o presidente russo Vladimir Putin defendeu publicamente as iniciativas de Donald Trump em favor da paz internacional, elogiando o ex-presidente dos EUA por “tentar buscar soluções diplomáticas em um cenário global cada vez mais tenso”.
“Ele realmente está tentando resolver conflitos, e isso precisa ser reconhecido. Claro, não é simples, mas não se pode ignorar seus esforços”, afirmou Putin, durante a cúpula da Comunidade de Estados Independentes (CEI).
O líder russo, no entanto, aproveitou o momento para ironizar o Prêmio Nobel da Paz, ao comentar a polêmica em torno das indicações e das derrotas recentes de Trump. Segundo Putin, “nem sempre o comitê reconhece aqueles que realmente fazem algo pela paz”, numa crítica direta à politização das premiações internacionais.
“O Nobel é uma instituição política. Já vimos prêmios concedidos a pessoas que, em vez de promover paz, começaram guerras. Portanto, o reconhecimento verdadeiro vem das ações, não dos títulos”, disse o presidente russo, em tom de ironia.
Contexto e implicações
As declarações vêm num momento em que Trump tenta reposicionar sua imagem internacional, promovendo uma agenda de “mediação” em conflitos, especialmente na Ucrânia e no Oriente Médio.
Putin afirmou que os canais diplomáticos com os Estados Unidos continuam “abertos” e que há um potencial real para negociações, especialmente se o governo americano “optar pela via pragmática”.
Fontes do Kremlin disseram à imprensa russa que Putin vê em Trump “um interlocutor previsível”, o que o diferencia de outras lideranças ocidentais que, segundo ele, “mudam de posição conforme o vento político interno”.
Análise
O elogio de Putin não é casual: ao enaltecer Trump, o Kremlin sinaliza ao mundo que prefere lidar com lideranças conservadoras, menos alinhadas à OTAN e mais abertas ao diálogo bilateral direto.
Ao mesmo tempo, a fala reforça a visão de Moscou de que o Ocidente instrumentaliza premiações e instituições internacionais — como o Nobel — para consolidar narrativas políticas.