Tarcísio, que se posicionou contra tributos sobre apostas, agora tributa gorjetas de garçons em SP
Após trajetória de defesa de liberais, Tarcísio provoca insatisfação ao incluir gorjetas em base tributável: para críticos, é contradição com discurso anterior

O governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) gerou reações contraditórias ao autorizar que as gorjetas de garçons em São Paulo sejam tributadas — atitude oposta ao posicionamento que antes adotara contra a taxação de apostas (“bets”). Críticos classificam como “arbitrário” o novo passo fiscal.
Tarcísio ganhou notoriedade ao atuar contra tributos sobre apostas, posicionando-se como defensor de liberdade econômica e proteção às fintechs e empresas do setor. Agora, no âmbito estadual, ordenou que gorjetas — tradicionalmente recebidas como complemento pelos profissionais de serviços — estejam sujeitas à tributação.
A medida foi vista como quebra de coerência política por entidades sindicais e representações da classe de garçons. Segundo uma delas, a cobrança é injusta, pois trata-se de rendimento que muitas vezes não compõe salário formal e que costuma ser distribuído espontaneamente pelos clientes. A entidade classificou a medida como “arbitrária” e indica possibilidade de ação legal.
Não há ainda precisão pública sobre qual será a alíquota aplicada, quando começa e qual órgão estadual será responsável pela fiscalização e cobrança. Também não se sabe como será o tratamento para servidores que dependem majoritariamente dessas gorjetas para complementar renda.
Esse movimento evidencia como governantes que se posicionaram como “anti-tributação seletiva” às vezes adotam medidas fiscais impopulares ao enfrentar orçamentos estaduais pressionados. A contradição entre discurso liberal e práticas de tributação reforça que muitas vezes política regional exige ajustes pragmáticos — mesmo quando isso fere promessas de campanha.