Polícia de SP fecha fábrica clandestina de bebidas suspeita de mortes por intoxicação por metanol
Descoberta em operação policial no ABC, produção ilegal usava etanol de postos para misturar com metanol — investigações apontam para mortes relacionadas

A Polícia Civil de São Paulo desmantelou na manhã de sexta-feira (10) uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas em São Bernardo do Campo (ABC Paulista), suspeita de adulteração com metanol e possível ligação direta com mortes por intoxicação no estado.
As investigações começaram após o registro de óbitos em que as vítimas haviam consumido bebidas adulteradas, principalmente vodka, em bares na capital paulista. Durante a operação, os policiais constataram que o local ilegal obtinha etanol de postos de combustíveis e o misturava com metanol — substância altamente tóxica — para produzir bebidas falsificadas.
Ação policial
Com mandados de busca e apreensão, as equipes encontraram no local nove garrafas — uma de gin e oito de vodka — em um bar na região da Mooca, e encaminharam as amostras para perícia. Os laudos preliminares indicam presença de metanol em oito dessas garrafas, com concentrações entre 14,6 % e 45,1 %.
A proprietária da fábrica foi presa em flagrante pelos crimes de adulteração e falsificação de bebidas, além de corrupção de substância. Segundo informações da investigação, o uso indevido de metanol pode resultar em penas de 4 a 8 anos de prisão, além de multa.
Um dos casos que motivaram a ação foi o da vítima Ricardo Lopes Mira, 54 anos, que havia consumido bebida no bar alvo das investigações e foi confirmado como uma das mortes provocadas pela intoxicação.
Riscos, consequências e investigação
Especialistas ouvidos no âmbito da operação alertam para o perigo extremo do metanol: ingestão pode causar falência de órgãos, cegueira e morte. Suspeita-se que essa fábrica clandestina seja parte de uma rede maior de produção ilegal de bebidas adulteradas.
A Polícia Civil segue apurando se há outras vítimas não identificadas, diferentes pontos de distribuição das bebidas adulteradas e possíveis conexões com organizações criminosas. Também está sendo debatida a criação de protocolos mais rígidos de fiscalização para detectar metanol em bebidas distribuídas comercialmente no estado.
O caso acende um alerta grave para o controle de produção alcoólica no Brasil. É sintomático de como o crime organizado e a economia paralela aproveitam lacunas institucionais para operar — com consequências trágicas para a vida das pessoas comuns.
Fonte: Brasil 247 / Polícia Civil de São Paulo / perícias oficiais