Lula avalia taxar fintechs após derrota na Câmara para compensar perdas fiscais
Com MP derrubada, presidente anuncia que reunirá equipe para definir taxação do sistema financeiro digital e responsabilizar setores até agora isentos

Depois de sofrer uma derrota contundente na Câmara com o arquivamento da MP que visava aumentar a arrecadação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quinta-feira (9) que pretende taxar fintechs como alternativa para recompor receitas.
Durante entrevista à Rádio Piatã, na Bahia, Lula declarou que convocará a equipe econômica esta semana para discutir como cobrar dos sistemas financeiros digitais — aqueles “inclusive maiores do que bancos” — os impostos que, segundo ele, ainda não estão sendo pagos como deveriam.
Ele afirmou:
“As fintechs têm de pagar o imposto devido a esse país”
A medida provisória (MP) que foi rejeitada pela Câmara pretendia tributar aplicações financeiras, grandes bancos, bets e fintechs, como parte de uma estratégia para compensar o impacto fiscal gerado pelo recuo em outras frentes.
Com a retirada da MP da pauta, o governo perde a chance de arrecadar até R$ 17 bilhões em 2026, segundo estimativas da própria equipe econômica.
Para Lula, a rejeição da MP não foi uma derrota exclusiva do governo, mas uma derrota do povo, pois representaria uma renúncia de justiça fiscal.
Analistas alertam que taxar fintechs não será tarefa fácil: o setor tem forte lobby, regulação incipiente e instrumentos jurídicos que poderão questionar qualquer tentativa de imposição tributária abrupta. Também haverá disputa política no Congresso e resistência de parlamentares influenciados pelo mercado digital.
Essa movimentação revela que o governo pretende transformar um revés legislativo em elemento de discurso e pressão: mostrar ao eleitorado que os ricos e plataformas de tecnologia não sairão impunes, mesmo diante das muralhas políticas do Centrão.