Ligação entre Lula e Trump preocupa aliados de Bolsonaro
Gesto diplomático do republicano é interpretado como sinal de mudança na correlação de forças; bolsonaristas avaliam perdas de influência

A ligação feita por Donald Trump ao presidente Lula nesta segunda-feira (6) gerou impacto imediato e apreensão entre grupos próximos a Jair Bolsonaro. O gesto foi interpretado como um recuo simbólico da hegemonia diplomática da extrema-direita e uma valorização pública da interlocução petista.
No Palácio do Planalto, o contato foi saudado como marco estratégico: o governo fez questão de divulgar que Lula recebeu a chamada — não o contrário —, para emitir a mensagem de que o movimento diplomático partiu do governo americano. Essa nuance, segundo analistas, reforça o protagonismo do Brasil no tabuleiro geopolítico.
Participaram da conversa o vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Sidônio Palmeira (Comunicação) e o assessor especial Celso Amorim. O evento é tratado como etapa preparatória para um encontro presencial que pode ocorrer no final deste mês.
A tensão entre bolsonaristas se acendeu especialmente porque alguns veem a iniciativa como um golpe indireto no protagonismo de Eduardo Bolsonaro e de redes que atuam como ponte política entre o Brasil e círculos conservadores nos EUA. Um membro do PL afirmou que “a cada dia que passa, a missão do Eduardo só piora”.
Além disso, o episódio ressurge como sinal de que o governo Lula pretende reconstruir pontes diplomáticas sem depender das obstruções midiáticas da extrema-direita — movimento que pode redistribuir influência dentro dos próprios círculos conservadores.
Para os bolsonaristas, resta agora avaliar até que ponto poderão manter influência nos bastidores internacionais e domésticos, enquanto o novo eixo Lula-Washington começa a se consolidar como alternativa real de poder.
Fonte: ICL Notícias