Aliado de Trump exige investigação sobre bancos brasileiros após sanção a Moraes
Deputado americano cobra que EUA fiscalizem instituições financeiras do Brasil sob Lei Magnitsky, gerando tensão diplomática

O deputado republicano Rich McCormick, considerado aliado de Donald Trump, enviou uma carta ao Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, demandando esclarecimentos sobre como instituições financeiras brasileiras devem agir sob a Lei Global Magnitsky após a sanção imposta ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ele aponta “risco de conformidade” para bancos e investidores dos EUA que mantêm vínculos com o Brasil.
No documento obtido pelo Metrópoles, McCormick afirma que manter um juíz sancionado em cargo público representa risco direto aos cidadãos e instituições americanas. Ele questiona que obrigações específicas recaiam sobre bancos e fundos de investimento ligados aos EUA, inclusive para decisões judiciais envolvendo Moraes.
Ele também indaga se o governo americano planeja emitir diretrizes internacionais para que países aliados e o setor privado reforcem seus padrões de compliance diante desse cenário “extraordinário”. McCormick classificou a sanção a Moraes como “sem precedentes na política externa dos EUA”, destacando que é a primeira vez que um magistrado de suprema corte estrangeira sofre punição sob a Lei Magnitsky.
Segundo o congressista, as consequências ultrapassam o Brasil — atingem investidores dos EUA, abalam a credibilidade da governança financeira internacional e pressionam mercados emergentes. Ele recomenda que órgãos como o Tesouro, a SEC (Securities and Exchange Commission) e o Federal Reserve coordenem ações para prevenir que empresas americanas sejam expostas a riscos jurídicos resultantes da sanção.
Para entender o contexto: a Lei Global Magnitsky, aprovada em 2016, permite que o governo dos EUA imponha sanções a indivíduos estrangeiros acusados de corrupção ou violações de direitos humanos. Em julho de 2025, Moraes foi incluído nessa lista sob alegações de “supressão da liberdade de expressão e do devido processo legal”. O governo brasileiro rejeitou a medida como interferência externa no sistema jurídico interno.
O envio dessa carta reacende a tensão entre Washington e Brasília, e lança sombra de incerteza sobre como bancos brasileiros e investidores estrangeiros deverão reagir — se adotarão políticas mais cautelosas ou movimentações defensivas nos mercados.