Novo presidente da Corte adota perfil discreto e tecnicista, enquanto enfrenta cerco bolsonarista e pressão institucional

Brasília — Nesta segunda-feira (29), o ministro Edson Fachin tomou posse como novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), sucedendo Luís Roberto Barroso. A mudança ocorre em um momento delicado: Fachin assume o comando da Corte sob o olhar vigilante da extrema-direita, que já mobiliza ataques institucionais e retóricos.

Ao contrário do estilo exposto de Barroso, que gostava de pronunciar discursos e sustentar presença midiática, Fachin opta por discrição institucional. Ele prefere atuar nos autos e evitar convescotes, buscando uma gestão mais austera e técnica.

Mas a rotina contida esconde desafios intensos. O novo presidente herda casos reputacionais sensíveis — entre eles, os processos que envolvem o golpe de 8 de janeiro e os núcleos ainda não julgados da trama conspiratória. Ao mesmo tempo, enfrenta pressão constante de grupos bolsonaristas que questionam decisões da Corte e tentam minar sua legitimidade.

O contexto político é feroz: a extrema-direita tenta deslocar a narrativa da justiça para a de perseguição. Fachin assume no meio desse jogo simbólico, com a missão de proteger a funcionalidade do STF e rearmar a resistência democrática.

No horizonte, há testes desde já: garantir a competência do tribunal nos processos ligados ao golpe; responder a pressão por anistia de participantes insurrectos; preservar a independência entre Poderes em meio a ofensivas institucionais.

Se Fachin optar por se recolher tecnicamente, corre o risco de ser sufocado por evidências midiáticas. Se reagir com exposição — feito Barroso — será alvo de críticas por “triplicar holofote”. O novo momento do STF exige equilíbrio estratégico: firmeza sem espetáculo.

A instituição está sob cerco. Fachin assume não apenas uma função simbólica — mas uma trincheira de resistência. Se não houver reação institucional à escalada autoritária, o STF vira arena de narrativa de impunidade. E quem lucra com isso é a sombra fascista que assola a política brasileira.

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