Lobby empresarial de elite em Washington fez Trump suavizar crítica a Lula, revelam bastidores
Joesley Batista se reuniu com Trump pouco antes da ONU

O surpreendente afago diplomático que Donald Trump dispensou a Luiz Inácio Lula da Silva durante a Assembleia Geral da ONU passou longe de ser espontâneo. Fontes ouvidas pela imprensa afirmam que Joesley Batista, um dos donos da JBS, protagonizou uma manobra estratégica de influência: reuniu-se com Trump semanas antes do evento internacional para pressionar pela reversão das tarifas de 50 % impostas aos produtos brasileiros — sobretudo aos cortes de carne — e, segundo relatos, contribuiu para a mudança de tom do presidente americano em relação ao Brasil.
Naquela conversa privada, Joesley alegou que as sobretaxas tornaram a carne brasileira muito cara para o consumidor nos EUA, argumentando que isso prejudicaria a cadeia empresarial que ele representa. A JBS optou por não comentar publicamente, e a Casa Branca também não retornou solicitação sobre o assunto.
Embora a versão completa desse lobby ainda careça de documentação pública consolidada, relatos indicam que grupos econômicos do setor químico e afins vinham intensificando contatos com assessores da Casa Branca, buscando garantir vantagens regulatórias, contratos e espaço decisório.
O cenário reúne três traços que denunciam o quanto o Brasil virou palco de diplomacia privada:
- Substituição de protagonismo do Estado — em vez de o governo brasileiro conduzir negociações internacionais, grandes companhias passaram a moldar diretamente parte da pauta externa.
- Influência velada sobre discursos presidenciais — Trump, por vezes rigoroso contra o Brasil, teria amenizado postura frente ao país após pressões privadas calculadas.
- Fragmentação entre interesses públicos e privados — quando o capital ganha autonomia para configurar relações internacionais, perde-se controle democrático e soberania.
Se essa lógica vingar — quem fiscaliza a atuação de empresários que transacionam fora dos canais institucionais? — o Brasil poderá sofrer um desmonte da ideia de que política externa é dever do Estado, e não privilégio de quem tem acesso exclusivo.
Fontes:
Brasil 247 — “Mudança de opinião de Trump sobre Lula foi graças a Joesley Batista, da JBS”