Redação

O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, embarcou numa missão delicada rumo aos Estados Unidos com uma agenda clara: buscar frear a escalada política de Eduardo Bolsonaro no exterior. A viagem ocorre enquanto o Partido Liberal atravessa uma crise interna entre radicalização bolsonarista e movimentos pragmáticos que tentam evitar um colapso institucional.

Na fila de temas a contornar estão a pressão por uma anistia ampla aos condenados dos atos golpistas de 8 de janeiro, o risco de sanções externas e as tensões diplomáticas que já rondam o Brasil. Há um receio compartilhado por alas moderadas de que Eduardo escale o confronto com instâncias internacionais para agredir o Judiciário e assumir um protagonismo político unilateral.

Há ainda no pano de fundo o temor de que Eduardo advogue por ações que possam envolver militares ou figuras importantes das Forças Armadas numa eventual lista de sanções, o que agravaria um ambiente já explosivo no tabuleiro das instituições.

A articulação de Sóstenes inclui contatos diretos com figuras políticas nos EUA e tentativas de alinhar discursos que contenham os excessos do filho de Bolsonaro. Nos bastidores, aliados apontam que a missão busca preservar negociabilidades no Congresso e evitar que o PL se divida dramaticamente entre bolsonaristas extremos e um campo mais institucionalista.

A viagem, oficialmente classificada como compromissos pessoais e institucionais, ainda não consta na agenda pública da Câmara — o que reforça a suspeita de que parte da operação é sigilosa. E apesar de tratar-se de tentativa de acalmar ânimos, carrega o risco de escalar a disputa entre alas do PL e expor ainda mais o racha político que já domina o partido.