Defesa de Heleno acusa Moraes de ativismo judicial e questiona disparidade nas perguntas no STF
Advogado levanta bandeira do sistema acusatório: relator virou investigador e ultrapassou seu papel ao fazer 302 indagações enquanto a PGR fez apenas 59

A defesa do general Augusto Heleno usou o segundo dia de sustentação oral no STF para expor um dos fundamentos mais delicados da narrativa institucional: a parcialidade do relator Alexandre de Moraes.
O advogado Matheus Milanez questionou com firmeza o papel do ministro. Assinalou a impressionante disparidade nas perguntas feitas durante o interrogatório — 302 de Moraes contra apenas 59 da Procuradoria-Geral da República — e acusou o juiz-relator de atuar como investigador, não como árbitro imparcial.
“Por que o juiz tem a iniciativa de investigar testemunhas? Quem tem o ônus da prova? Isso compromete a imparcialidade”, indagou o defensor.
Milanez lamentou a montagem de um verdadeiro “alambique de injustiça”, citando o jurista Calamandrei, para ilustrar o risco de um magistrado que mistura investigação e julgamento.
Além de apontar o excesso de provas entregues de forma desordenada — pastas de até 20 TB que mal podem ser acessadas — a defesa destacou que Heleno se afastou politicamente de Bolsonaro após a aproximação com o Centrão, evidenciando que não participou do núcleo conspiratório.
Milanez defendeu que o general nunca atuou como “consultor golpista” ou articulador de uma “Abin paralela”, e ressaltou que a suposta “caderneta golpista” nada mais era do que um bloco de anotações pessoais, utilizado como suporte de memória, e que foi desmontado fora de contexto pela acusação.
Com argúcia jurídica e ritmo incisivo, a defesa tentou transformar o tribunal num escudo institucional — mas o STF segue aplicando o rigor constitucional como resposta à narrativa conspiratória.