Pastor nega legitimidade da justiça humana e ignora o julgamento do STF

Silas Malafaia decidiu afrontar a razão numa declaração que mistura desespero e espetáculo. Ele afirma que o julgamento de Jair Bolsonaro no STF já tem sentença escrita e que só uma intervenção divina poderia evitar uma condenação que, segundo ele, a “justiça dos homens” já decretou.

Sem respeitar nem o decoro jornalístico, nem a lógica básica do estado democrático, Malafaia diz que não assistirá às sessões porque já “sabe a sentença”. A fala soa como um recado para sua base evangélica, um apelo sacramentado para quem parece ter perdido a fé na institucionalidade — mas ainda aposta na teatralidade do cameo divino.

Enquanto isso, o julgamento segue seu curso na Primeira Turma do STF, com Alexandre de Moraes relator e Cristiano Zanin presidente do colegiado. Os réus respondem a acusações gravíssimas ─ de golpe de Estado a organização criminosa armada ─ e podem levar até 43 anos de prisão se condenados, conforme a PGR.

O que Malafaia chama de “justiça dos homens” é justamente o centro da democracia funcionando. Tentar privatizar a vingança de Deus é desviar o foco da verdadeira virada política que se desenha diante de uma corte que cumpre seu papel constitucional com seriedade.

Mais que um pastor, Malafaia aparece como símbolo de uma vassalocracia desfeita, apostando no espetáculo enquanto as instituições avançam. É a fé num milagre que contradiz o compromisso com a soberania popular.

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