Crime organizado parasita emendas parlamentares e financia fraudes eleitorais, revelam investigações
Facções infectam orçamento público: emendas viram amamentação para licitações fajutas e venda de mandatos; Congresso reage blindando parlamentares acusados

As emendas parlamentares, celebradas como instrumento de desenvolvimento regional, têm servido como veias de recursos para o crime organizado. Em nova apuração da Polícia Federal revelada pela CartaCapital, facções como o Comando Vermelho e o PCC transformam municípios em suas bases de operação, ocupando territórios e impondo seus candidatos com o apoio das emendas que irrigam licitações fraudulentas nas prefeituras, envolvendo empresas de fachada e licitações combinadas.
No Ceará, o caso do deputado Júnior Mano — alvo da Operação Underhand da PF — escancara o modus operandi: em Canindé, um candidato apoiado por Mano teve como chefe de campanha um traficante dos Guardiões do Estado, braço armado dissidente do PCC. As emendas viraram moeda de barganha eleitoral, desviadas para favorecer aliados criminosos.
O quadro exige ação urgente. Mais de 100 inquéritos correm no STF, com oito dos onze ministros na função de relatoria. A reação do Congresso não poderia ser mais esperada: há movimento para alterar foro e rito de julgamento dos parlamentares acusados, na tentativa de esvaziar o poder do Judiciário.
Entre os casos mais graves estão os três deputados do PL — Josimar do Maranhãozinho, Pastor Gil e Bosco Costa — réus na Ação Penal 2670, já interrogados em 28 de agosto, sob relatoria de Cristiano Zanin. O avanço aponta que o julgamento está próximo.
Fontes:
- CartaCapital, “Investigações revelam conexões do crime organizado com emendas parlamentares” (30 de agosto de 2025)