Relator da CPMI do INSS ameaça dar voz de prisão a delegado da PF durante sessão sigilosa
Deputado Alfredo Gaspar confronta delegado Bruno Bergamaschi por silêncio em depoimento; habeas corpus do STF restabelece o debate e acalma os ânimos

Brasília, 29 de agosto de 2025 – A reunião sigilosa da CPMI do INSS, que investiga o escândalo bilionário de descontos indevidos na folha de aposentados e pensionistas, foi marcada por tensão nesta quinta-feira (28). O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), chegou a ameaçar o delegado da Polícia Federal, Bruno Bergamaschi, com voz de prisão depois que este se recusou a responder sobre pontos considerados sigilosos — mesmo tratados como públicos por Gaspar.
A situação só foi contornada após intervenção do ministro André Mendonça, do STF, autor do habeas corpus que autorizou o delegado a se manifestar sobre informações já divulgadas — e apenas sobre elas. A medida promoveu recuo imediato e restabeleceu os trabalhos da CPI com maior cautela.
Gaspar justificou sua postura à imprensa afirmando que as perguntas feitas eram baseadas em dados não sigilosos, muitas vezes reproduzidos na mídia, e que não cabia ao delegado omitir esses pontos. “Insisti, esclarecendo que as perguntas tratavam apenas de itens já publicizados”, disse. Ele negou que tenha feito ameaça e afirmou que “aqui não haverá criminoso de estimação”, destacando que ninguém será poupado ou perseguido — a investigação será conduzida com imparcialidade.
O desencontro de expectativas exigiu atuação do presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos‑MG), para dar fim ao impasse — que durou cerca de quatro horas e foi realizado a pedido do próprio delegado, formalmente, como sessão secreta.
A CPMI do INSS tem a missão de apurar as fraudes identificadas em operações como a “Sem Desconto”, que resultaram na apreensão de bens, dinheiro e documentos, e envolveram aproximadamente R$ 6,3 bilhões desviados. A comissão pode requisitar informações sigilosas, mas não tem poderes judiciais como decretar prisão preventiva — apenas de flagrante.