Senador sugere que ataque à mãe e avós é resposta a ações anticrime — evocação de “caso Adélio” é manobra de vitimização da vassalagem.

Em Resende, RJ, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) levou o flagrante horror vivido por sua mãe e seus avós a um novo patamar de espetáculo político. Sob o pretexto de um “recado” daqueles que se incomodam com sua cruzada, ele comparou o assalto, em que os idosos foram feitos reféns por mais de uma hora, ao simbólico “caso Adélio” — episódio que ganhou status de mártir entre seus aliados vassalocratas. A afirmação beira o delírio: transformar um crime bárbaro em palanque político não só apazigua a elite, como instrumentaliza o sofrimento alheio em suposta elegância vigilante.

Na narrativa construída por Flávio, os criminosos sabiam exatamente quem atacavam. Primeiro abordaram sua mãe, buscando “o dinheiro que o Bolsonaro mandava para meus avós”, segundo postagem do próprio senador. Já dentro do lar, revólveres foram apontados às cabeças dos octogenários, com “boca tampada com fita adesiva” — uma cena que deveria merecer repúdio uníssono, mas ele não se contenta. Em vez disso, usa o doloroso episódio para fortalecer o mito da perseguição — uma peça macabra de teatro político.

Esse modelo, que ele próprio ajuda a disseminar, funciona assim: cada crime vira “mensagem”, cada ví­tima, símbolo de luta contra “os inimigos”. O resultado? Cria-se uma blindagem à irrealidade. Ao invés de responsabilizar o autor do crime, ele ecoa o discurso de que essa violência é “resposta” ao combate político: um convite urgente para que a sociedade anticapitalista acorde e não permita que a banalização da brutalidade vire instrumento de refúgio político.

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