Advogados de Jair Bolsonaro negam plano de fuga, atacam relatório da PF como “peça política” e pedem ao STF a revogação da prisão domiciliar

Na sexta-feira (22 de agosto de 2025), a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um documento de resposta aos questionamentos do ministro Alexandre de Moraes. No texto, os advogados afirmam que o suposto pedido de asilo político à Argentina, encontrado no celular de Bolsonaro, era apenas um “rascunho” de 2024 que não se concretizou. Afirmam, ainda, que não houve tentativa de fuga — ao contrário, arguem que o ex-presidente “sempre cumpriu todas as medidas cautelares” impostas.

Além disso, a defesa foi além: criticou veementemente o relatório da Polícia Federal, qualificando-o como uma “peça política” elaborada com o objetivo claro de desmoralizar Bolsonaro, expondo sua vida privada e espalhando acusações “tão graves quanto descabidas” — numa tentativa de criar manchetes impactantes pouco antes do julgamento que começará em 2 de setembro.

Na esteira dessas alegações, os advogados solicitaram ao STF que reconsidere a decisão que colocou Bolsonaro sob prisão domiciliar, sob o argumento de que não houve fatos novos que justificassem o endurecimento das cautelares. Ainda pediram que, caso o relator se mostre irredutível, seja julgado com urgência o recurso destinado à Primeira Turma do STF.

O documento defende que Bolsonaro se manteve fiel às restrições impostas — incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de viagens ao exterior e as limitações de comunicação — e que o relatório se baseia em diálogos sem relevância direta para o processo. A defesa também acusa a PF de praticar lawfare — ou seja, usar os instrumentos legais para fins políticos.

Contextualização militante e crítica

  1. Ataque ao disfarce judicial como estratégia política
    O relatório da PF, que aponta indiciamentos graves por tentativa de golpe, coação e obstrução da Justiça, é tratado pela defesa como mera peça de espetáculo — e isso gera uma pressão para deslegitimar todo o inquérito político-jurídico que se aproxima do julgamento decisivo.
  2. Prisão domiciliar defendida como exagero autoritário
    A defesa sustenta que reduzir deliberadamente a liberdade de expressão e locomoção de um ex-presidente — por postagens indiretas ou possíveis rascunhos — é abuso. A narrativa é clara: isso é um cerco político mascarado de legalidade.
  3. Timing estratégico antes do julgamento
    Com o julgamento previsto para início de setembro, a ofensiva jurídica serve como escudo narrativo para reverter decisões e ganhar visibilidade pública, desviando o foco sobre as acusações concretas e concentrando na ideia de perseguição.
  4. Luta urgente pela soberania institucional
    Se isso não for apenas estratégia, mas tentativa efetiva de desacreditar a investigação, a resposta não pode ser passiva. É preciso denunciar, cobrar transparência e reafirmar que impunidade não se edifica com emoção — mas com justiça.
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