Proibido de usar redes sociais, o ex-presidente usou o WhatsApp para convocar aliados — e levou o fanatismo bolsonarista direto aos quartéis, templos e bolhas virtuais.

A Polícia Federal revelou que Jair Bolsonaro ignorou medidas judiciais e coordenou, pelo WhatsApp, uma operação de propaganda política ilegal. Mesmo proibido de se comunicar nas redes desde 21 de julho de 2025, ele disparou mensagens pelo menos para 400 contatos, através de listas de transmissão, segundo relatório da PF.

As listas incluíam uma seleção estratégica de figuras de poder bolsonarista: políticos do PL, senadores, pastores evangélicos influentes, militares de alta patente e influenciadores digitais simpáticos ao clã. Entre os citados estão o pastor Silas Malafaia, o bispo Abner Ferreira (Assembleia de Deus de Madureira), o apóstolo Renê Terra Nova, o cantor Amado Batista, o ex-piloto Nelson Piquet e as influencers Bárbara Destefani e Bárbara Kogos.

Os destinatários eram militares de peso — coronéis das polícias do Distrito Federal, Ceará e Rio de Janeiro — além de oficiais com patentes como almirante, brigadeiro e coronel.

O relatório expõe que Bolsonaro não só enviou conteúdo, mas também estimulou aliados a republicarem vídeos, organizarem protestos e promoverem discursos conspiratórios. Um dos vídeos disparados no dia 3 de agosto, data das mobilizações bolsonaristas, foi produzido pelo advogado Davi Aragão e tinha o título provocativo: “O que acontece se o Brasil desafiar a Lei Magnitsky e Trump?”

O documento final foi enviado ao STF, culminando no indiciamento de Bolsonaro e de seu filho Eduardo, por crimes de coação no processo judicial e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

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