EUA se acham xerife: “nenhum juiz brasileiro pode anular a Primeira Emenda” — mas isso não vale nada aqui
Post da Embaixada dos EUA no X impõe retórica imperialista; STF não cede — e o Brasil responde que sua soberania não se curva à arrogância externa.

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil partiu para a intimidação diplomática. Em uma postagem no X nesta quinta‑feira, 21 de agosto de 2025, a representação estadunidense reiterou a retórica do governo Trump — afirmando que “nenhum juiz brasileiro, nem qualquer tribunal estrangeiro, tem poder para anular a Primeira Emenda. Ponto final”.
A mensagem — tradutora cortina de fumaça para a escalada de ingerência política — foi disparada logo após o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e do deputado Eduardo Bolsonaro por obstrução e coação à Justiça no inquérito sobre a trama golpista.
O teor da publicação faz o papel de linha dura trumpista nas redes: a defesa absoluta da “liberdade de expressão” nos EUA ganha força quando usada para revogar o debate democrático no Brasil. Mas essa retórica, além de inócua, flerta com o absurdo: desafia nossa soberania e os limites da nossa Justiça.
O episódio sucede um movimento já agressivo de Washington. Em meio à investigação no STF, sanções foram aplicadas ao ministro Alexandre de Moraes, incluindo bloqueio de ativos nos EUA com base na controversa Lei Magnitsky. Ainda assim, fontes próximas garantem que Moraes reagiu com desdém: “não vai mudar nada”, pois ele não possui bens ou contas em território norte-americano.
A diplomacia trumpista dá ares de supremacia jurídica ao dizer que mesmo tribunais superiores brasileiros não têm a autorização para contestar o Direito norte-americano — uma provocação direta à nossa independência institucional e à lisura democrática.