A estratégia de Bolsonaro — “você fala, eu não posso falar” — mostra tentativa explícita de driblar ordem judicial usando terceiros como palanque; a PF identifica modus operandi de subversão institucional.

A Polícia Federal encontrou evidência clara de tática coordenada de desobediência: Bolsonaro manda “falar com a imagem” via deputado para driblar tornozeleira. Em troca de mensagens com o deputado federal Capitão Alden (PL-BA), o ex-presidente orienta:

“Você fala, eu não posso falar […] você liga, com a imagem do Bolsonaro, mandando abraço a todos”.

A conversa ocorreu por WhatsApp durante manifestação em Salvador, em 3 de agosto — poucos dias após Bolsonaro ser alvo de medidas cautelares do STF, como uso da tornozeleira, proibição de redes sociais e recolhimento domiciliar.

A ligação que se seguiu durou apenas 14 segundos, mas resultou em um vídeo compartilhado no X, com a imagem do ex-presidente, e veiculado aos manifestantes — escapando da letra da lei, mas violando o espírito da medida. Para a PF, trata-se de modus operandi de utilização de terceiros para burlar a medida cautelar. A situação expõe como o bolsonarismo pretendeia driblar mecanismos jurídicos com artimanhas digitais — sem armar um plano ousado, descaradamente desafiador.

Essa manobra expõe mais do que só desobediência: é um claro sintoma de incapacidade de aceitar limites — institucional e simbólico —, enquanto se tenta manter influência política à distância da Justiça. Uma narrativa de subversão, que desmonta qualquer pretensa legitimidade de resistência democrática.

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