Hytalo Santos: influenciador preso em esquema de exploração infantil que incluía mesada às famílias, trabalho forçado e malas de dinheiro
O espetáculo sombrio da exploração foi revelado: adolescentes submetidos a rotina de controle rígido, pais subornados para entregá-los, e riqueza ostentada

A investigação conduzida pelo Ministério Público do Trabalho e pela Polícia Civil da Paraíba escancarou o modus operandi de Hytalo Santos, influenciador digital agora preso: ele explorava crianças e adolescentes como se fossem mercadorias. Familiares dos jovens recebiam mesadas entre R$ 2 mil e R$ 3 mil — paga em espécie — para permitir que eles permanecessem sob guarda do influenciador e atuassem em vídeos como “protegidos” sob um regime que tem tudo para ser caracterizado como trabalho infantil e adultização forçada.
O cenário era ainda mais bizarro nos bastidores: ex-funcionários relatam que era comum ver malas e sacolas repletas de dinheiro e joias dentro da residência de Hytalo, era a ostentação do lucro obtido na venda da infância alheia. O local era descrito como insalubre, sem privacidade e com controle extremo dos menores — sem acesso a celulares, sujeitos à presença de álcool, e sob ameaça de dispensa se não obedecessem minuciosamente aos comandos de produção.
O procurador Flávio Gondim não hesitou: “inquestionável a existência de uma relação de trabalho”, afirmou, destacando que o ambiente funcionava como um reality show não declarado, com monetização de conteúdos e diversas receitas exploratórias.
A situação era ainda mais grave: quatro menores viviam na casa junto com o casal — que, segundo informações, destruía provas e intimidava testemunhas. Uma adolescente engravidou durante o período sob custódia de Hytalo, e faltas constantes às aulas e atrasos foram registradas. Todos os indícios levaram à prisão preventiva de Hytalo e Israel Natan Vicente (conhecido como Euro), já que havia real risco de obstrução das investigações. Após a prisão, os adolescentes foram devolvidos às famílias.
Conclusão
O caso de Hytalo Santos expõe o escárnio rasteiro do capitalismo de plataforma: transformar crianças em mercadoria digital, coagindo famílias com dinheiro e construindo reality shows sobre o corpo infantil. O Estado — por meio do MPT, da Polícia Civil e do Judiciário — agiu para interromper essa engrenagem de violência.
A sociedade precisa reagir: denunciar, responsabilizar, garantir que a infância seja protegida, não explorada para gerar cliques e lucro. Hoje, a prisão é o ato mínimo; mas precisa se desdobrar em justiça substantiva, reparação e prevenção. Essa é uma bandeira que não pode ser negociada.