Governo vê em Trump tentativa de mudança de regime no Brasil; teme interferência nas eleições
Pressões econômicas e retórica externa sinalizam estratégia para favorecer aliado ideológico e questionar legitimidade do pleito brasileiro

Fontes do Palácio do Planalto interpretam as recentes ações do governo Trump — incluindo tarifas de 50% e sanções econômicas — como parte de uma tentativa de mudança de regime no Brasil. O entendimento é de que os atos não se limitam à pressão no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF, mas visam influenciar o processo eleitoral de 2026 por meio de medidas extrajudiciais.
Em Brasília, a avaliação é clara: os EUA buscam garantir que haja na eleição brasileira um candidato afim à agenda trumpista. Caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vença em 2026, há receio de que Trump questione a legitimidade do pleito, ecoando ameaças feitas pelo deputado Eduardo Bolsonaro — que insiste que se o pai não for candidato, a eleição “pode não ser reconhecida pelos EUA”.
Além disso, o Planalto percebe um movimento evidente de reafirmação da América Latina como “quintal dos EUA”: Washington vem criticando a prisão do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe e apoiou prisões de figuras políticas como Cristina Kirchner, na Argentina — todos alinhados a agendas populares anti-hegemônicas.