Enquanto Lula propõe regulação ampla das redes, Centrão só aceita votar medidas isoladas contra a ‘adultização’ — estratégia rasteira para blindar as big techs e defender privilégios.

Brasília, 14 de agosto de 2025 — O Centrão decidiu transformar um grito legítimo de indignação — a denúncia do youtuber Felca sobre a exploração e “adultização” de crianças online — em pretexto para empurrar por medidas superficiais, que blindam os poderosos da internet. O que poderia ser uma oportunidade de regulação profunda das redes virou palanque rasteiro para interesses fisiológicos.

Líderes do bloco articulam a aprovação urgente de proyectos focados apenas na proteção de menores — mais de 30 PLs já tramitam, e a CCJ aprovou endurecimento das penas para aliciamento infantil. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), instalou comissão geral para dar prioridade ao PL 2628/2022, que trata de controle parental, filtros de conteúdo e proteção de dados.

Mas é aí que a farsa surtada: o Centrão deixa claro que não quer discutir nada além disso. A regulação ampla das redes sociais — exatamente o que Lula propõe como essencial para responsabilizar plataformas e conter abuso de poder — foi relegada ao limbo. Porque mexer com o modelo das big techs é mexer com os interesses e privilégios da velha política.

A desculpa? Medo de polarizar o plenário. O Centrão teme que discutir regulação completa reacenda o impasse do PL das Fake News — rotulado por eles como “controle político de conteúdo” — e ameace aprovar o que já têm como consenso frágil.

O jogo é claro: criminalizar a exploração sexual infantil é consenso popular e impossível de barrar. Agora mesmo, o hype sobre “adultização” dos menores em rede abriu caminho para ações pontuais. Mas o que falta é coragem para encarar o poder das big techs, enfrentar o modelo colonial de concentração de dados e de discurso — e criar um mínimo de funcionamento democrático na internet, como insiste Lula.

Se depender do Centrão, a pauta verdadeira — regulação das plataformas, responsabilização transparente, fim da impunidade digital — fica para outro momento. Um momento que talvez nunca chegue. O recado está claro: interesses escusos valem mais que proteção de direitos e democracia digital.

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13 comentários sobre “Centrão impede regulamentação das redes: só quer punir quem explora crianças

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