Redação

Uma agenda pessoal do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), revelada com exclusividade pela CNN Brasil, traz à tona um episódio de espionagem contra um desafeto de Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente. O documento foi apreendido pela Polícia Federal (PF) como parte das investigações sobre a chamada “ABIN paralela”, que, segundo a PF, funcionava como uma estrutura clandestina de espionagem política durante o governo Bolsonaro.

Entre as 101 páginas apreendidas, uma anotação manuscrita chama atenção: detalha um episódio de março de 2021 em que o empresário e personal trainer Allan Lucena, então desafeto de Renan, percebeu que estava sendo monitorado em seu prédio em Brasília. Questionado sobre o carro que se dizia ter sido cedido a Renan — na verdade, propriedade de outra pessoa — Heleno anotou que era tarefa da Abin apurar o caso, dado que “ele é filho do presidente” e sua segurança era atribuição do GSI.

A investigação concluiu que agentes da PF cedidos à ABIN, como Marcelo Araújo Bormevet, Giancarlo Gomes e Luiz Felipe Barros Félix, participaram diretamente da vigilância ilegal a Lucena. Félix chegou a ser abordado pela PM durante o episódio, identificando-se como agente da PF — tratava-se, porém, de atuação encoberta da agência de inteligência.

O conteúdo da agenda também menciona outros nomes, como o ex-deputado Vicente Cândido (PT-SP), Paulo Padilha e José Eduardo Cardozo, com anotações enigmáticas como “falar c/ o pres”, e expressões como “PF preparando uma sacanagem grande” ou “bunker em SP”, indicando ações direcionadas e comando político dentro da estrutura estatal.