Ciro Gomes retorna ao PSDB. E não é gesto simbólico: é movimento tático para construir um palanque anti-PT no Ceará. A cúpula tucana bateu o martelo e prepara o ato de filiação para a segunda quinzena de agosto. Em paralelo, dirigentes locais confirmam que o objetivo é lançá-lo candidato ao governo do estado em 2026. O arranjo passa por Tasso Jereissati e Marconi Perillo, e conversa diretamente com a oposição cearense que reúne União Brasil (de Capitão Wagner) e PL — bloco que abriga o campo vassalocrata no estado.

Publicamente, Ciro repete que não pensa em disputar cargo. Politicamente, o tabuleiro diz outra coisa. Ciro Gomes retorna ao PSDB no mesmo momento em que Roberto Cláudio deixa o PDT e migra para o União Brasil, consolidando uma frente conservadora para enfrentar o governador Elmano de Freitas (PT). A engenharia eleitoral combina velhas alianças tucanas com a máquina de oposição local — e sinaliza um reposicionamento de Ciro no espectro político.

O recado é claro: enquanto o governo Lula costura reindustrialização e integração regional, parte da elite cearense tenta reeditar a velha receita de “terceira via” colada ao bolsonarismo local. O retorno de Ciro aos tucanos abre caminho para um palanque híbrido, com verniz “moderado”, mas sustentado por forças que já testaram o país no limite. A pergunta fica: Ciro será cabeça de chapa ou fiador de uma coalizão que entrega o Ceará ao bloco de Capitão Wagner?

Para o eleitor, o efeito prático é imediato: reorganização da oposição e aumento da temperatura política no estado. Para o Brasil, o movimento mostra como o xadrez regional virou peça-chave da disputa nacional. No fim, o que se vê é menos “novidade” e mais a tentativa de um retorno ao passado — com novas fotos e velhos interesses.