Zambelli chama Moraes de “ditador” em carta da cadeia italiana
Deputada cassada e presa na Itália divulga carta confrontativa em que declara ser inocente, afirma que filosofia autoritária não a vencerá e provoca diretamente Alexandre de Moraes.

A ex-deputada Carla Zambelli (PL‑SP), atualmente detida na Itália após ser condenada a uma pena de dez anos de prisão, divulgou uma carta contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. No texto, a parlamentar descreve o magistrado como “ditador” e reafirma sua inocência, dizendo carregar “consciência tranquila”.Ela afirma ainda que “nenhum ditador nos colocará de joelhos” e expressa confiança inabalável em sua própria retidão e na fé que a sustenta.
Zambelli também critica o sistema judicial brasileiro e acusa Moraes de usar o poder para perseguir opositores políticos. Segundo ela, o Brasil vive um período no qual vozes críticas são reprimidas em nome de uma “ordem autoritária”, e reitera que não será silenciada — nem por prisões, nem por processos judiciais severos.
Prisão em território italiano e contexto internacional
Condenada por crimes como invasão hacker do sistema do CNJ e falsidade ideológica, Carla Zambelli fugiu para a Itália, onde usa sua cidadania italiana como suposto escudo. Foi presa em Roma, em operação envolvendo a Interpol, e aguarda decisão sobre extradição para cumprir pena no Brasil.
Na carta, Zambelli ainda condena o processo político que levou à sua prisão, afirmando que foi decidido por “interesses ideológicos” — uma versão que contrasta com a documentação judicial acumulada ao longo de investigações sigilosas que traçam sua atuação integrando estratégias de ataque ao Judiciário.
Provocação com sabor de irrelevância
A provocação de Zambelli tem o tom desesperado de quem tenta manter protagonismo político mesmo com mandado de prisão em vigor. Apelar à emoção religiosa, vandalizar nomes de ministros e invocar perseguição não altera a realidade: o STF já decretou pena definitiva e aguarda apenas os trâmites de extradição.
Zambelli usa a carta para reafirmar a narrativa de que Moraes e o Judiciário são parte de um projeto autoritário — mas essa retórica ecoa apenas em redes bolsonaristas e já foi confrontada por decisões colegiadas e fundamentadas juridicamente.
A Justiça segue seu trâmite, a extradição ou prisão ainda dependem do curso italiano, e a cena política sugere que ninguém será dobrado por retórica. O confronto verbal de Zambelli é símbolo de tumulto ideológico, mas não altera o curso da lei. É mais fogo de palha retórico que qualquer estratagema prático capaz de desconstruir a pena imposta.