Em rara entrevista ao New York Times, presidente critica imponência de Trump e reforça independência do Brasil diante de ameaças econômicas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, em entrevista ao jornal The New York Times, que o Brasil tem buscado diálogo com os Estados Unidos, mas “ninguém quer conversar”. Ele cobrou respeito por parte do governo Trump e ressaltou que “seriedade não exige subserviência”. Essa foi a primeira vez em 13 anos que concedeu entrevista ao veículo norte-americano, reforçando que “trato todos com grande respeito. Mas quero ser tratado com respeito”.

Lula refutou a imposição unilateral do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, afirmando que o Brasil não negociará como “um país pequeno diante de um país grande”, mesmo reconhecendo a superioridade econômica e tecnológica dos Estados Unidos. “Isso não nos deixa com medo. Nos deixa preocupados”, disse.

Segundo a entrevista, as tentativas diplomáticas brasileiras não foram respondidas formalmente por Washington. Lula afirmou que procurou Trump por meio de diplomatas e até membros de governo, mas foi ignorado: “Pedi para fazer contato, mas o que está nos impedindo é que ninguém quer conversar”.

O presidente também alertou sobre os reflexos das tarifas na economia americana, argumentando que essa medida econômica afeta não só o Brasil, mas os próprios consumidores nos Estados Unidos. Para ele, a imposição é uma afronta à relação bilateral e à credibilidade diplomática.

A fala de Lula ocorre em meio a uma crise comercial sem precedentes entre os dois países. Os EUA anunciaram arancelamento de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, acusando o Brasil de promover uma “caça às bruxas” judicial contra Jair Bolsonaro, aliado de Trump. Lula chamou a situação de chantagem, repudiando a interferência extrema do governo americano.

Autoridades brasileiras têm mantido canais diplomáticos discretos, com o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Fernando Haddad buscando interlocução técnica com o Tesouro americano e representantes do comércio exterior. Embora haja abertura para diálogo, o governo já prepara um plano de contingência caso as tarifas sejam mantidas.

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