Zambelli se entrega na Itália para tentar reverter condenação — mas nova crise diplomática pode emergir

A defesa afirma que Zambell se entregou às autoridades italianas para iniciar um pedido de asilo político e tentar impedir a extradição. Segundo o advogado, ela aguardaria um pedido formal para se apresentar às autoridades europeias.

Mas do outro lado, o deputado italiano Angelo Bonelli declarou que foi ele quem forneceu o endereço de Zambelli à polícia italiana:

“Carla Zambelli está em uma casa em Roma. Informei o endereço à polícia e, neste momento, os policiais estão identificando Zambelli”.

Essa disparidade entre narrativa de entrega voluntária e ação externa abre uma clara contradição. Se ela tivesse plena vontade política de se apresentar, por que depender da intervenção de terceiros?


Versões conflitantes sobre o hacker

O hacker Walter Delgatti — delator no processo — teria mudado cinco vezes sua versão do depoimento. A defesa de Zambelli usa isso para sugerir fragilidade no processo. Mas como bem coloca o autor, a instabilidade do depoimento não anula os fatos primários:

  • Ela teria encomendado a invasão do sistema do CNJ;
  • Comemorou e disseminou nos grupos de WhatsApp uma operação falsa que incluía um pedido de prisão contra Alexandre de Moraes.

Esses são atos concretos, documentados, independentes da credibilidade variável do delator. A estratégia de atacar o mensageiro não absolve o conteúdo do crime.


Soberania judicial vs crise diplomática

Só haveria espaço para a justiça italiana intervir se o Brasil fosse omisso, o que não é o caso: Zambelli já foi julgada e condenada pelo STF em sede recursal definitiva. Portanto, o Brasil exerce plena soberania judicial, e não há brechas para a Itália revisar ou interferir nessa condenação.
A jurisprudência sobre Henrique Pisolato, brasileiro extraditado da Itália, demonstra que a Justiça italiana não protege quem foge da lei mesmo com cidadania dupla.

O autor conclui que a Itália não verá razão para gerar uma crise diplomática a favor de Zambelli, que usou a cidadania italiana apenas como rota de escape.


O discurso da “perseguição política”

No vídeo de Zambelli ela se apresenta como “exilada política” e acusa Alexandre de Moraes de exercer poder ditatorial com o STF. Essa retórica é padrão em condenados que tentam virar vítimas públicas, reforçando a imagem de mártir em vez de encarar a responsabilização pelos crimes.


Conclusão

  • A versão de entrega voluntária e de resistência política não se sustenta diante da evidência de intervenção pública para localizá-la;
  • A instabilidade no depoimento do hacker Delgatti não altera os fatos centrais, como a invasão ordenada e divulgada;
  • A Justiça brasileira já atuou com firmeza, a condenação transitou em julgado e a extradição é juridicamente legítima;
  • O discurso de “perseguida política” faz parte de um mecanismo retórico para distorcer a narrativa criminal em narrativa ideológica.

Minha interpretação: Zambelli buscou a Itália como refúgio político, mas a justiça brasileira segue firme. Não há espaço para revisão italiana, nem motivos para crise diplomática. A sua extradição é provável e legítima, e o autor entende que a narrativa de manipulação midiática não deve desviar o foco das consequências legais factuais.

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